Cafofo da Jane - Periferias

Em algum lugar na gélida periferia de São Petersburgo próximo ao metrô, conhecido formalmente por Metro de Leninegrado, entre a margem direita do Rio Nieva e a Região Central está localizado um prédio antigo invadido a alguns anos por membros do movimento sem teto da cidade. Muitos desses moradores são descendentes ou parentes dos então famosos ex presidiários  que em troca de liberdade combateram junto as tropas russas contra os alemães.

Ao contrário da região central cercada de belas obras de cunho histórico importantíssimos para a história da Europa, as periferias de São Petersburgo, cheiram a violência e desigualdade social.

"A Rússia, historicamente, possui altos níveis de criminalidade que aumentaram significativamente após a Revolução de Outubro. A agitação à época da perestroika conduziu a um crescimento das taxas do crime na cidade.
São Petersburgo experimenta níveis significativos de crimes de rua e suborno. Além do mais, nos últimos anos, tem havido um notável crescimento da violência de motivação racial, especialmente voltada para turistas e estudantes estrangeiros. Um dos conhecidos grupos de supremacia branca, o Belaya Energia, é formalmente uma das principais gangues envolvidas no assassinato de estudantes universitários estrangeiros. Existem, porém, muitos excessos e informações tendenciosas com relação ao assunto, e o turista pode conhecer a cidade tranquilamente tomando mínimos cuidados e precauções nos centros históricos, onde a segurança encontra-se muito bem organizada.
No final da década de 1980 e início da década de 1990, Leningrado passou a abrigar um grande número de grupos criminosos, como as gangues Tambovskaia, a Malyshev, a Kazan e grupos de crimes étnicos, empenhados em ações como extorsão, interdição de locais públicos para reuniões particulares e violentos conflitos de rua.

Atualmente São Petersburgo, está sendo considerada o quartel da chamada máfia russa sendo apelidada de "capital do crime" pela imprensa local.

Dentro deste contexto a garou junto à seus amigos encontrou um lar temporário para residir e quem sabe estabelecer negócios.

Jane chega ao local indicado, um prédio sujo, com aparência de abandonado, alguns mendigos no entorno, putas na esquina, e outros mal encarados fumando na quadra de esportes abandonada.

"Bem, nada tão diferente do que eu já conheço. Perfeito!"

Estaciona próximo a entrada e logo avista seus amigos de longa data. Abre um largo sorriso ao vê-los.

"Tão diferentes e tão iguais, Huguinho (ou Hugo Gonzales) o mais velho sempre com cara de poucos amigos, Luizinho (ou Luiz Gonzales) bem parecido com o primeiro sempre ao telefone e por fim Zezinho (Zé Hugo Gonzales) o mais diferente de todos, sempre arrumadinho e com cara de menino do bem... só pode ser adotado... hahahaha".

Desce do carro e caminha em direção aos amigos, que pelo que tudo indica ofereceram proteção aos moradores do prédio em troca de um lugar para dormir.

- Esses são meus garotos!

Segue para abraçá-los.

O cheiro de maconha era evidente naqueles corredores, além de claro; urina, fezes, sexo e outras paradas que ainda não conseguiu identificar.

No caminho até a porta Jane pula um bêbado ou pelo menos é o estado que parecia estar, talvez tenha usado algo mais que bebida.

Também presencia uma briga entre família com direito a louças quebradas e gritos, em seguida o homem bate a porta atrás de si deixando a família para trás. Estava evidentemente drogado.
Por fim, o choro baixinho de uma mulher.

Mal se recupera da cena traumática e difícil de engolir, nota que um grupo de adolescentes ficam eufóricos com sua presença.
Jane recebe algumas cantatas de um grupo de adolescente, e mesmo não entendendo nada que diziam, nota a entonação de voz obscena.

Huguinho observava ao longe a chegada de Jane e todo aquele desrespeito, resmunga algo em Russo que lembrava um xingamento, sim era um, mesmo não entendendo nada que o homem rato dizia.

Ele estava meio que no escuro e dá um posso a frente ficando sob a luminosidade de uma parca luz. Bastou vislumbrar o rosto de Huguinho para manterem o respeito.

Os pentelhos te deixa em paz e saem todos com o rabo entre as pernas após o ratkin levantar a camisa larga que usava e ser notado um revólver 38 cromado.

Em sua boca se via o baseado apertado e aceso já no fim e Jane percebe de onde advinha o aroma peculiar.

Tendo os jovens ido embora o rato abre um lago sorriso.

_Janinha querida, que milagre você por aqui?

Jane nota ao chegar mais perto que ele estava com o braço esquerdo engessado, os olhos roxos e dois dentes quebrados.

Algo ou alguém parece ter pego ele de jeito.

Jane apressa o passo , não por medo das cantadas ou gracinhas dos malandros da região mas simplesmente porque não havia tempo para perder. Ao se aproximar do amigo observa os ferimentos com um ar preocupado.

Logo o abraça forte e aos beijos começa a falar.

- Já te falei para não se meter com mulher casada hahaha. E como assim você fala russo ? Quais outras novidades vocês estão me escondendo hein ?

Solta- o e antes da resposta continua.

- Desculpa não ter vindo antes para ajudá los , mas tu sabe como é esse lance de família. Precisava me apresentar pra conseguir liberação pra circular por aí. Mas agora me fala de vocês ?

Huguinho fica desconcertado com a atenção e demostração de amor dada por Jane.

_Foi o Velho do saco que ensinou a falar como os Russos. Ele é um ratkin viajante, que passou um tempo no nosso país..

_Estamos aqui a três meses, eu ainda estou aprendendo, sei mais falar palavrões que falar na verdade rsrs, sabe como é né, palavrão move o mundo.

_Quanto as luxações, bem, prefiro não falar sobre isso.

O homem rato da de ombros com qualquer outra indagação que possa ser feita.

_Vamos entrar, pedimos pizza!

- Hum...

Jane acompanha o Ratkin calada , entraria nesse assunto mais tarde. Quando estea lhe dessem abertura.

- Bem , estou aqui pelo óbvio. Posso morar com vocês ?

Abre um sorriso malandro.

Huguinho estava mal, mas Zezinho e Luizinho estavam de cama todos quebrados...

Luizinho o mais malandro diz em um sorriso maroto:

_Não fale nada, você deveria ver o outro cara!

_Me ajuda a se levantar aqui seu crápula, isso foi tudo culpa sua! -diz a Huguinho que logo se prontifica a levantar o irmão-

_Estamos em uma disputa de território, com os ratos da wyrm... Os sanguesugas do esgoto.

Com intensa dificuldade Zezinho se pronuncia:

_Na verdade eles não moram no esgoto como você diz, são tão feios quanto os nosferatu normais, mas moram por aqui, na superfície.

_ E nosso povo, bem, os de nossa raça parecem estar nem aí com isso...

_Se a gente quiser continuar morando aqui, é um mal que teremos que solucionar.

_Tentamos ajuda com um figurão de sua tribo e ele nos ignorou... Na verdade nos deixou neste estado que esta vendo agora!

_Cale a boca Zé, prometemos não dar com as línguas nos dentes!

- Humnnnn...

Jane abraça os outros amigos que estão de cama , vê se os hematomas significam algo mais grave ou se realmente poderão se recuperar sozinhos.

Ouve tudo com muita atenção.

- Quero nome e endereços. Tanto dos vampiros quanto do lobo que deixou vocês assim. Ninguém mexe com a gente assim , mexeu com vocês mexeu comigo.

Então procura um lugar pra sentar.

- Hoje to enrolada numa missão aí , mas agora que temos abrigo vou avisar minha galera que vamos ficar por aqui. A princípio vou falar só de mim claro , mas a verdade é ... o reino espiritual por aqui tá indo muito mal e poucos são os lobos dispostos a lutar por essas terras. Precisamos fortalecer o caern e vamos começar essa empreitada hoje.

Pega o pouco dinheiro que lhe restou.

- Pega , é tudo que eu tenho. Vou ver se fico com esse carro que tá aí fora . Agora vamos lá , começou a falar termina!

_Quanto aos vampiros, eles são os donos do pedaço. Fomos aconselhados a não ficar metendo a cara por aí, se mostrando, nem se metendo em seus negócios. - Diz Huguinho- Eles ficam por aí, em prostíbulos clandestinos, pontos de droga, e outras coisas mais perversas que nem prefiro comentar...

_Eles são chamados pelos seus de monstros... ouvi um dos ratos de esgotos chamando os que moram na superfície assim!

_Mas não vou ficar parado não, vamos dar um golpe de estado nessa porra.

O mesmo caminha até as costas de Zé. Disfarça um pouco, tempo suficiente para dar um safanão na cabeça do mesmo quando ele se distraiu.

_Quanto ao seu irmãozinho tribal, acho que essa ratazana velha aqui acabou falando demais... Esquece isso, por que nós já esquecermos não é mesmo galera?

Os outros dois acentem com a cabeça em afirmação.

_Não queremos problemas, muito menos te causar problema...

_Não se preocupe com a gente, ficaremos bem dentro de uns dois dias no máximo.

Huguinho passa o baseado pra Jane.

_Mata este aí...

_Vou dar um rolê por aí e buscar informações sobre refúgios
desses sangue sugas infernais.

Jane puxa o baseado até o fim , era o segundo aquela noite , aquela era a única droga que curtia e sempre lhe melhorava o humor.

- Teremos que caçar um desses seres malignos muito em breve , mas estou aguardando a decisão do novo alpha da matilha em que estou agora pra saber se será um vampiro ou outro maldito.

Encosta a cabeça na cadeira enquanto termina de tragar , parece bem pensativa.

- Monstros... assim como nós as famílias deles também possuem apelidos. Os que vivem nos esgotos eu conheço um pouco , agora esses outros... humnnnnn...

Dá um salto da cadeira, já sabia mais ou menos de que tipo de "Monstro" se tratava.

- Quanto ao Roedor que fez isso com vocês , eu vou chegar nele e dizer que agora eu vou me estabelecer por aqui e que não é pra Mexer com ninguém do meu setor.

Jane voltará ao caern com muitas dúvidas a serem esclarecidas.

Jane rolou 6 dados de 10 lados com dificuldade 6 para inteligência + ocultismo que resultou 8, 1, 10, 10, 2, 3 - Total: 2 Sucessos

- Huguinhooooo!

Levanta e se aproxima dele antes que esse saia.

- Você pode me informar sobre tudo que descobrir? Vamos limpar essa cidade!

Aguarda um retorno positivo para então retornar.

Os ratkins ouvem quanto a caçada que Jane faria em silêncio. Tinham seus problemas, que não eram poucos, mas como ela iria em grupo de garous ficam mais aliviados.

_Somos seus olhos aqui na cidade, fique tranquila. Trocando as informações devidas ambos ficaremos informados. Acho ótimo termos um acordo estabelecido, como nos velhos tempos... Quanto ao seu novo grupo tenho duas perguntas:

_Vocês já tem um alvo da caçada?

_Pergunta dois: Eles são parceiros, sabem se comportar nesse ambiente aqui? Alguns lupinos são muito selvagens para lidar com isso!

Jane anda de um lado para o outro da sala. Então para e começa a responder.

- O resto do grupo ficou de descobrir mais detalhes sobre o alvo , mas o caern está muito fraco espiritualmente temo que deva ser um maldito qualquer. Espero que seja um vampiro , pois eles são fáceis de encontrar. Vou saber daqui a pouco.

Quanto a outra pergunta ela fica em silêncio por um instante, um misto de preocupação seguido por um deboche.

- Tem uns dois lá que eu acho que estralhaçariam vocês. A verdade é que não os conheço, aconteceu uma parada muito louca... fomos escolhidos pelo espírito guardião e não tivemos a oportunidade de nos conhecer. Ou vocês acham que alguma matilha escolheria uma roedora assim de cara ? hehe

Volta a andar pelo cômodo.

- Vamos por partes. Vou prepará los para esse tipo de ambiente se for necessário.

Jane ficou realmente preocupada com o questionamento. Acha que no seu grupo a mais urbana é ela e por isso a facilidade em lidar com certas situações.

O homem rato ave acente com a cabeça em afirmação.

_Faça isso se quiser traze-los para cá. Apesar de você sempre ser bem vinda em nosso meio e ser de plena confiança, seus amigos felpudos tem se mostrado cada vez mais indignos.

_Prova disso é nosso atual estado.

Huguinho termina suas reclamações, e desconfiava dos garous Russos com plena razão.

_Agora vamos nessa!

_Você não tem mais tempo a perder, e nem eu...

_Me dá uma carona pra quatro quadras a frente?

Jane consente com a cabeça , afinal garous nunca foram lá muito amigáveis com outros seres a não ser os de suas tribos ou parentes.

- Vamos !

Dá um beijo na testa dos outros amigos e sai com Huguinho.

Jane deixa Huguinho no local em que desejava, o local era uma espécie de conjunto habitacional não muito diferente do que estava a poucos.

Tudo que não prestava caía na conta deste povo, vítimas da sociedade e do governo comunista que nunca funcionou a risca, como deveria. No final a mesma merda que fedia nos estados unidos, fedia também aqui... A miséria e descaso só mudam de endereço, mas é a mesma coisa em qualquer canto do mundo.

Ao olhar para o lado a enorme ratazana cinza chia uma espécie de despedida e salta pela janela, adentrando o primeiro bueiro que vê.

Sem mais o que fazer a opção que resta é voltar ao caern e seguir com o combinado.

...

Em um dado momento chega uma mensagem no pager:

"Soube que a encomenda foi entregue em mãos... Já esta testando o equipamento né?
Seguinte, não vai ficar de rolê pela cidade marcando bobeira, a ferramenta que carrega consigo é "perigosa" se é que consegue me entender?!

Com amor Harvey.

<3 :p"

OFF: próximo post assembléia.